quarta-feira, abril 19, 2006

O novo paradigma neuronal (1)



Santiago Ramón y Cajal



A influência da obra científica de Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) irradiou-se seguindo uma lógica semelhante à que Egas Moniz (1874-1955) adoptou, cerca de 30 anos mais tarde, quando tratou de divulgar os primeiros resultados da Encefalografia Artérial (1926). Enquanto se conformou à circulação em língua autóctone e às instituições nacionais, manteve um alcance restrito; logo que conquistou a atenção dos cientistas e das instituições mais prestigiadas, internacionalizou-se rapidamente, suscitou polémicas apaixonadas e consolidou-se recompensando o seu autor com a quota parte de notoriedade indispensável para sinalizar a inovação que reivindicava.

Foi ao ligar-se com cientistas e sociedades científicas da Alemanha, França, Itália, Bélgica e Suécia, que Ramón y Cajal imprimiu o impulso decisivo à avaliação e validação das suas teses, rapidamente partilhadas, discutidas e confirmadas por comunidades científicas cujas ligações se iam tornando indiferentes às fronteiras nacionais, mas cujas concentrações de saber-poder configuravam, nos planos cultural e político, assimetrias homólogas às que se verificavam nos planos social e económico.

Comemoram-se, em 2006, 154 anos do nascimento de Santiago Ramón y Cajal, (em Petilla, Navarra) e um século do Prémio Nobel, que recebeu conjuntamente com o histologista italiano Camillo Colgi.