terça-feira, outubro 12, 2010

Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia de 2010



Robert G. Edwards


O Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia foi descerrado este ano a um dos “pais” da Fertilização in Vitro (IVF no acrónimo anglo-saxónico), Robert Geoffrey Edwards, pelo desenvolvimento do método (e suas aplicações clínicas). Imediatamente após o anúncio, o Professor Christer Höög, do Comité Nobel, deu uma curta entrevista (disponível no Site Oficial da Fundação Nobel) acerca de algumas das questões envolvidas.

Christer Höög salientou o carácter inédito do prémio deste ano. Segundo ele,  é a primeira vez que os residentes do Karolinska premeiam a reprodução medicamente assistida, fazendo-o, neste caso, mais de meio século depois da divulgação pública dos primeiros resultados obtidos em laboratório e 37 anos após o nascimento do primeiro "bebé proveta".

A manipulação de embriões suscitou, desde o início, questões religiosas e éticas. Há quem veja neste prémio "tardio" uma espécie de levantamento do embargo ético à manipulação de embriões humanos, coisa que Christer Höög rejeita na referida entrevista.

Há, porém, um outro aspecto muito interessante no discurso de Höög. Justificando a "demora" no reconhecimento da eficácia da Fertilização In Vitro, o porta-voz do Comité Nobel sublinha que os numerosos estudos de acompanhamento forneceram, ao longo dos últimos trinta anos,  uma base sólida para a fundamentação do veredicto. E nas entrelinhas deste último argumento, não pode deixar-se de detectar um sinal: o de que o Comité Nobel reconhece, implicitamente,  nem sempre ter tido desse cuidado...

segunda-feira, outubro 11, 2010

A Medicina na Azulejaria (*)






Um repositório da azulejaria (**) associado à história das doenças e das saúdes, navegando à vista a história da medicina. A autora (***) põe em relação as mitologias e as origens ocidentais dos saberes curativos, entretecidas de apontamentos breves sobre o modus faciendi de físicos, cirurgiões e barbeiros, através de um roteiro da azulejaria portuguesa que atravessa hospitais, igrejas, conventos e palácios, guiando o olhar do leitor com elementos da história das artes e das ciências da saúde.

Ao longo de 89 gravuras que reproduzem peças da azulejaria que contêm os tais traços que o título promete, a docente e investigadora da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, identifica os temas associados à sanidade por sábios, santos, deuses e médicos, discorrendo sobre arte, ciência, religião, ilustrando contextos com ditados, comentários,  fábulas e fechando com uma homenagem fulgurante a Abel Salazar que terá dito um dia que O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe.

Um livro para todos.




(*) PINA, Madalena Esperança, Traços da Medicina na Azulejaria de Lisboa, Casal de Cambra, Caleidoscópio, 2010.

(**) Tal como reza a sinopse da WOOK, ” A Azulejaria é como se sabe uma arte muito própria de Portugal, que atingiu um destaque na cultura e na identidade do nosso país. Esta obra procura dar a conhecer de uma forma objectiva e realista as representações da azulejaria que se prendem com a temática da Medicina reforçando a sua vertente mais humanista. A autora relacionou ainda este contexto a outras áreas afins como a acção médica e patológica, a higiene e a assistência, os ciclos temáticos sobre os cinco sentidos e os quatro elementos, a iconografia religiosa e outros. A obra debruçou-se nos azulejos produzidos entre o século XVII e a década de 90 do século XX na área de Lisboa.”

(***) Madalena Esperança Pina é docente de História da Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa desde 2001, onde obteve o grau de Doutor. Licenciou-se em História, variante de História da Arte, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa . É também investigadora do CEHFCI – Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência.