“Entra, hoje, no Panteão Nacional, Aristides de Sousa Mendes.”
(Do discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 19 de
outubro de 2021, na cerimónia oficial).
No seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa comete um deslize,
ao afirmar que a plêiade contraditória de ex-presidentes da República que
designa foram todos consagrados antes da revolução do 25 de abril de 74. Não.
Manuel de Arriaga só se viu no Panteão em 16 de setembro de 2004, 30 anos após
o derrubamento do Estado Novo.
No seu breve discurso, Marcelo Rebelo de Sousa simplifica o
imbróglio em que o Panteão se tornou, atribuindo-lhe um critério genérico: os
homenageados apresentariam
“Dois traços comuns: mudaram a História de Portugal
e projetaram Portugal no universo. Todos eles. Disso mesmo tendo, ou não, o exato entendimento.
Na
política, na música, na escrita, no desporto, na diplomacia ao serviço da vida
e da liberdade.”
E assim continuamos em matéria de Panteão, a
tentar justificar o império da contradição e a achar “natural” que nenhuma
mulher ou homem de ciência tenha até agora ombreado com os que ali foram
deitados para dormir “até ao fim dos tempos. Se os tempos tiverem fim”.
1 comentário:
Até ao fim dos tempos, se os tempos tiverem fim?
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