Robert G. Edwards |
O Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia foi descerrado este ano a um dos “pais” da Fertilização in Vitro (IVF no acrónimo anglo-saxónico), Robert Geoffrey Edwards, pelo desenvolvimento do método (e suas aplicações clínicas). Imediatamente após o anúncio, o Professor Christer Höög, do Comité Nobel, deu uma curta entrevista (disponível no Site Oficial da Fundação Nobel) acerca de algumas das questões envolvidas.
Christer Höög salientou o carácter inédito do prémio deste ano. Segundo ele, é a primeira vez que os residentes do Karolinska premeiam a reprodução medicamente assistida, fazendo-o, neste caso, mais de meio século depois da divulgação pública dos primeiros resultados obtidos em laboratório e 37 anos após o nascimento do primeiro "bebé proveta".
A manipulação de embriões suscitou, desde o início, questões religiosas e éticas. Há quem veja neste prémio "tardio" uma espécie de levantamento do embargo ético à manipulação de embriões humanos, coisa que Christer Höög rejeita na referida entrevista.
Há, porém, um outro aspecto muito interessante no discurso de Höög. Justificando a "demora" no reconhecimento da eficácia da Fertilização In Vitro, o porta-voz do Comité Nobel sublinha que os numerosos estudos de acompanhamento forneceram, ao longo dos últimos trinta anos, uma base sólida para a fundamentação do veredicto. E nas entrelinhas deste último argumento, não pode deixar-se de detectar um sinal: o de que o Comité Nobel reconhece, implicitamente, nem sempre ter tido desse cuidado...