sábado, abril 30, 2005

Bibliografia sobre Egas Moniz (5)


Retrato de Egas Moniz

Da autoria de Ana Leonor Pereira, João Rui Pita e Rosa Maria Rodrigues, com prefácio de João Lobo Antunes, é uma excelente fotobiografia, profusamente legendada e anotada. Foi editada em 1999 pelo Círculo de Leitores, com o patrocínio da Câmara Municipal de Estarreja.

Bibliografia sobre Egas Moniz (4)


Egas Moniz em Livre Exame

Volume organizado por Ana Leonor Pereira e João Rui Pita, ambos docentes na Universidade de Coimbra e investigadores do CEIS-20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX), editado em Coimbra pela Minerva, no ano 2000. Uma obra de referência que acolhe diferentes visões e perspectivas sobre o significado e alcance do homem e da obra. De leitura indispensável para um confronto actualizado dos diferentes pontos de vista acerca do sábio de Avanca.

sexta-feira, abril 08, 2005

Bibliografia sobre Egas Moniz (3)





As duas passagens anteriores (Bibliografia sobre Egas Moniz 1 e 2) do artigo de Seabra Dinis, são particularmente significativas. Põem em realce três aspectos da vida e obra de Egas Moniz que hoje nos podem parecer evidentes mas que raramente foram assinalados na literatura coetânea. Primeiramente, a referência à propensão cultural e ideológica de Moniz para posições políticas de carácter conservador. Depois, a observação de que o homem de Avanca era «sintónico de carácter». Em terceiro lugar, a fixidez teórica do neurologista «resistindo a toda a orientação da psiquiatria dos últimos decénios».

A publicação deste artigo um ano depois de Egas Moniz ter sido agraciado com o prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia, numa revista da especialidade, atesta que, a par do elogio do «sábio» de renome internacional - que J. Seabra Dinis também celebra no mesmo artigo - se desenhava uma abordagem crítica, não meramente seguidista e reverencial, que fornecia uma visão equilibrada e contrastada da vida e da obra do criador da Angiografia Cerebral.

Bibliografia sobre Egas Moniz (2)






«Os anos vão passando, o mundo social sofre sucessivas e cada vez mais violentas crises que obrigam o pensamento a um novo ajustar às realidades, e Egas Moniz continua no mesmo posto, como em velha fortaleza granítica, resistindo a toda a orientação da psiquiatria dos últimos decénios na esteira psicológica e sociológica, e que nos parece, para uma mais clara compreensibilidade, não poder deixar de ser estreitamente relacionada com a evolução geral das nossas sociedades.»

J. Seabra Dinis “Alguns aspectos da personalidade de Egas Moniz” in Anais Portugueses de Psiquiatria, Vol. II, nº 2, Agosto de 1950 (Edição do Hospital Júlio de Matos, Lisboa), p. 7.

quarta-feira, abril 06, 2005

Bibliografia sobre Egas Moniz (1)



Memorial

«De começo, [em Coimbra] resistiu Egas Moniz à pressão ambiental. Em tempos de estudante, chegou a chefiar um pequeno agrupamento político de oposição à avassaladora torrente que dominava a grande maioria da juventude da época. E um pouco mais tarde, já professor, mas ainda no curso da Monarquia, foi eleito deputado pelo Partido Progressista.

Pela posição política que tomara, a que a contextura ideológica iniciada na infância não poderia ser estranha, já em si se manifestava a força quase indómita da personalidade, procurando impor-se às circunstâncias, sem se deixar arrastar passivamente na levada. Mas esta era demasiado poderosa e Egas Moniz, sintónico de temperamento, tinha mergulhado bem dentro dela para poder escapar. Nos últimos anos da Monarquia abandonou o partido em que tinha enfileirado para acompanhar o movimento cisionista de Alpoím, que passou a formar então, escreve ele em “Um ano de política”, “ o grupo mais avançado da Monarquia, que, ao lado dos republicanos, muito concorreu para a transformação que veio a operar-se na política portuguesa”.

Algum tempo depois adere à República. O peso da formação ideológica inicial não pode, porém, ser alijado com a mesma facilidade da carga do vapor. Prendem-no fortes raízes, intrínsecas e extrínsecas, que não é muito fácil cortar.

E no interior de si próprio vão agora manifestar-se, mais poderosas, duas forças de certo modo contraditórias, a raiz progressiva e a conservativa, que ele procura conciliar, colocando-se, de modo irrealista, numa aresta intermédia, que se traduz, no ponto de vista político, pela criação, em 1917 do Partido Centrista que dirigiu.»

J. Seabra Dinis “Alguns aspectos da personalidade de Egas Moniz” in Anais Portugueses de Psiquiatria, Vol. II, nº 2, Agosto de 1950 (Edição do Hospital Júlio de Matos, Lisboa), p. 6.

quarta-feira, março 23, 2005

Short notes (1)





When I was 18, (1967) the democratic militants against the dictatorship of Salazar heralded the example of Egas Moniz as a national hero mistreated by the fascist regime. The image of Egas Moniz had been appropriated by the democrats trying to show that the highest exponents of culture, art and science, were supporters of the democratic camp. It stroked me deeply and I promised my self to do something in order to understand how could it be possible. Following the political description I figured an isolated scientist developing a hard work in an unfavourable environment. His successful work increased my curiosity. In spite of all the difficulties he had reached, the main goal that every scientist could aspire: to see his work recognized and applauded all around the world.

quarta-feira, março 16, 2005

A controvérsia (2)





Christine Johnson, norte-americana, parente de uma senhora lobotomizada, organizou um «Memorial dos Lobotomizados» no seu site Psychosurgery.org. Liderou uma campanha exigindo ao Comité Nobel a «desnobelização» de Egas Moniz. Representa uma visão dolorosa e radical na abordagem histórica desta temática. Criou igualmente um blog com o mesmo nome do site, onde acompanha questões relacionadas com psiquiatria e saúde mental.

A controvérsia (1)

 


Leucotomia pré-frontal e Prémio Nobel


No site Nobel Prise.org pode ler-se um artigo de Bengt Jansson, professor de Psiquiatria no Karolinska Institutet de Estocolmo. Descontando algumas imprecisões de carácter biográfico, vale a pena lê-lo e conhecer, em linhas gerais, o que pensa acerca da génese, enquadramento histórico e avaliação da leucotomia pré-frontal, bem como da atribuição do Prémio Nobel a Egas Moniz.

segunda-feira, março 14, 2005

Referências recentes (3)




 Simas Machado (1859 - 1927)

No blogue Cartas Portuguesas, de Luís Bonifácio, vão sendo afixadas notas biográficas de um dos muitos homens da República que aderiram ao sidonismo, cruzando-se, portanto, com Egas Moniz. Para além deste particular, vale a pena visitar o blogue e ler numerosas outras notas biográficas e de contextualização histórica. Parabéns ao Luís Bonifácio e obrigado pelo link apontado aqui para o Egas Moniz.

domingo, março 06, 2005

Referências recentes (2)


Colégio de São Fiel

Depois da escola de Pardilhó, a educação de Egas Moniz prosseguiu no Colégio Jesuíta de São Fiel, graças ao empenho do seu tio abade. Fala-se hoje no DN do «risco de alienação» que impende sobre o velho edifício (ver notícia aqui). Para quem esteja interessado numa curta resenha biográfica sobre o criador da Angiografia Cerebral, pode dar uma espreitadela aqui.

quarta-feira, março 02, 2005

Referências recentes (1)


Egas Moniz, jovem Doutor

No Abrupto, Pacheco Pereira, a propósito das «Memórias da Biblioteca Pública Municipal do Porto», evoca a atracção exercida pelo livro cujo texto foi baseado na tese de doutoramento de Egas Moniz.
«O livro proibido que estava nos “reservados” e que era mais popular na leitura era a Vida Sexual de Egas Moniz.» (ver aqui)

No Blog Digitalis...


Blog Digitalis

Nos arquivos do blog Digitalis, de Maria Helena Roque, um texto intitulado «As Viagens científicas de Egas Moniz (1874-1955).Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia 1949» (ver aqui) apresenta, em sequência, aquilo a que se poderia chamar a «estratégia de internacionalização» do inventor da Angiografia Cerebral.
Para além da autoria do texto mencionado, é também autora de uma tese de mestrado versando acerca de Egas Moniz - Roque, Maria Helena Neves., (2002), Positivismo e visibilidade na obra de Egas Moniz (1874-1955), Tese de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Secção Autónoma de Ciências Sociais Aplicadas .
Para além disso, vale a pena visitar o Digitalis e fruir uma escrita equilibrada e talentosamente ilustrada, distribuída, segundo a própria autora, por:
1. Apontamentos criativos/esboços literários. 2. Reflexões sobre filosofia e estética. 3. Estudos de história e filosofia da neurologia, psiquiatria e questões de género.

Aproveito o ensejo para lhe agradecer a inclusão de um link apontado para o «Egas Moniz»

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

O político na sombra do cientista



Egas Moniz (EM), neurologista, político, ensaísta nascido em Avanca em 1874, era oriundo de família de nobreza agrária, proprietários rurais enfrentando grandes dificuldades financeiras. Após período de grande escassez de recursos, empreenderá um trajecto social ascendente que o situará na classe alta, na transição da Monarquia para a República, por via do curso universitário, do envolvimento político e da especialização médica. Dedicar-se-á também, mais tarde, ao empresariado agro-industrial com relativo sucesso. Tinha um sentido agudo das diferenças sociais e partilhava com muitos dos seus correlegionários republicanos e da dissidência progressista aquilo a que Hermínio Martins chama o “complexo iluminista”. É importante, para compreender a auto-representação de EM, descortinar como se atribui a si próprio uma predestinação de carácter místico que atravessa toda a sua narrativa, reservando-se sempre um papel de esclarecedor de auditórios e líder de grupos destacado de entre os melhores. Reunindo elementos relevantes quer do político, quer do cientista, damos conta [em artigo que pode ser lido aqui ] do que nos parece serem as três principais tendências de representação histórica de EM, discutindo dois dos mais apelativos enigmas monizianos - o político e o periférico - avançando uma hipótese de integração.

domingo, fevereiro 27, 2005

Bibliografia de Egas Moniz (1)






O autor, na capa, surge já com a qualidade de «Prémio Nobel», recém galardoado que fora nesse mesmo ano (1949). Além da referência bibliográfica que forneci, em resposta ao comentário de José Marques no post anterior, eis a aparência de um exemplar que me foi emprestado pelo Dr. Armando Myre Dores e pela Dra. Lina Seabra Dinis, parte do espólio do pai desta última, o notável psiquiatra Seabra Dinis. Aproveito para agradecer publicamente a ambos pela preciosa ajuda.

sábado, fevereiro 26, 2005

No 1º Centenário do nascimento de Guerra Junqueiro



«Sou dos arredores do Porto, pois a minha aldeia, Avanca, não fica distante, e a vida dos meus conterrâneos e a minha, quando ali resido, está ligada a esta laboriosa cidade de brilhantes tradições, como sendo a sua metrópole.»

(Egas Moniz)

Figura polifacetada


Político, cientista, ensaísta, conferencista, industrial, é também um testemunho peculiar de várias transições que se operaram, na mudança do século XIX para o século XX; da Monarquia para a República e, pouco depois, da República para a ditadura fascista de Oliveira Salazar. Testemunho, igualmente, das duas Grandes Guerras (1914-18 e 1939-45), de grandes transformações geoestratégicas, e de invenções científicas e tecnológicas que vieram revolucionar as práticas médicas. Controverso, mas pouco ou nada inclinado à discussão pública dos seus trabalhos; determinado, prosseguindo uma estratégia bem estruturada; hábil na gestão das suas obras e da sua imagem, Egas Moniz é uma daquelas figuras em que nos podemos apoiar para obter um ângulo significativo da história de vários momentos de transição. Adiantaremos, em próximos posts, links, textos on-line e outros escritos relevantes para a compreensão deste médico de Avanca, que foi também o primeiro cientista português galardoado com o Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

O novo Blogue  «Egas Moniz»



A iniciativa deste blogue configura um convite a todas as pessoas cujos trabalhos, interesses, preferências ou conhecimentos, concorram para a melhor compreender a figura, a época, o ambiente e outros factores que nos podem ajudar a destacar Egas Moniz, nas suas dimensões complementares, como um ângulo designado para melhor o entender.
Assim. quaisquer discussões, contribuições, notícias, referências, links, e etc. são bem vindos.
Manuel Correia