sexta-feira, janeiro 21, 2022

Cruzamento de biografias (1)

 






Na visita guiada conduzida por José Luis Garcia, ontem (20/01/2022) à exposição sobre a vida e obra de Mário Domingues, Anarquista, cronista e escritor da condição negra, na Biblioteca Nacional, pode ver-se, num dos expositores uma carta que Egas Moniz endereçou a Mário Domingues.



O significado deste cruzamento é de curto alcance, mas não deixa de constituir um apontamento sobre os pontos de intersecção das biografias.




sexta-feira, janeiro 07, 2022

Egas Moniz ao Panteão Nacional (9) Aristides de Sousa Mendes (1885-1954)

 



“Entra, hoje, no Panteão Nacional, Aristides de Sousa Mendes.” (Do discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 19 de outubro de 2021, na cerimónia oficial).

No seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa comete um deslize, ao afirmar que a plêiade contraditória de ex-presidentes da República que designa foram todos consagrados antes da revolução do 25 de abril de 74. Não. Manuel de Arriaga só se viu no Panteão em 16 de setembro de 2004, 30 anos após o derrubamento do Estado Novo.

No seu breve discurso, Marcelo Rebelo de Sousa simplifica o imbróglio em que o Panteão se tornou, atribuindo-lhe um critério genérico: os homenageados apresentariam

“Dois traços comuns: mudaram a História de Portugal e projetaram Portugal no universo. Todos eles. Disso mesmo tendo, ou não, o exato entendimento.

Na política, na música, na escrita, no desporto, na diplomacia ao serviço da vida e da liberdade.

E assim continuamos em matéria de Panteão, a tentar justificar o império da contradição e a achar “natural” que nenhuma mulher ou homem de ciência tenha até agora ombreado com os que ali foram deitados para dormir “até ao fim dos tempos. Se os tempos tiverem fim”.



terça-feira, dezembro 28, 2021

Contos da lobotomia

 


Do outro lado da glória científica da psicocirurgia está a tragédia das pessoas leucotomizadas, e lobotomizadas. São conhecidas muitas biografias e enaltecidas as “tentativas operatórias” de uns, mas o enquadramento histórico fica incompleto e desequilibrado sem indagar e revelar os resultados nas suas múltiplas dimensões.

Registar ou enaltecer os grandes empreendimentos deixando o holofote a iluminar os “grandes homens” e as “elites” foi uma constante do modo de fazer história que atravessou diferentes historiografias até aos dias de hoje. Fazer-lhes o contraponto, alargar o enfoque aos restantes atores históricos não é novidade. Apenas continua a ser raro.

Aqui no blogue do lado, Contos da Lobotomia, inaugura-se a publicação de algumas histórias que ajudam a completar as aventuras da psicocirurgia.

sábado, maio 22, 2021

1949 - Um Nobel complexo: Egas Moniz

 


Para quem tiver interesse, aqui está o link para um artigo de revisão sobre as biografias de Egas Moniz, publicado no último número da revista CEPIHS.

1949 – Um Nobel complexo: Egas Moniz

sábado, janeiro 02, 2021

 


Egas Moniz ao Panteão Nacional (8)





Eusébio da Silva Ferreira (1942-2014) foi o primeiro futebolista profissional a ascender ao Panteão Nacional. A rapidez com que o processo se verificou foi notável. Faleceu em 5 de janeiro de 2014. A 3 de julho do ano seguinte oficializava-se a trasladação do cemitério do Lumiar para o Panteão Nacional. A importância do futebol na política ficou assim confirmada. Neste mesmo blog fizemos-lhe uma referência na altura, chamando-lhe, com um toque de humor,  Eusébio - A última finta o que com certeza pecou por defeito. Porquê a última?

Em todos os casos anteriores o 1º Nobel português (e, a partir de 2010, também o 2º)  poderiam ali ter-se perfilado, já que reuniam todos os quesitos para lhe serem concedidas honras de Panteão. E todavia, não. Houve sempre outros valores, outras estratégias, outros dispositivos que operaram diligentemente para que o manto do esquecimento permanecesse sobre pessoas, grupos, entidades e acontecimentos, virando os holofotes da lembrança, da recordação, da comemoração e da homenagem noutras direções.

Não. Ainda não foi dessa vez que o 1º e o 2º portugueses nobelizados foram sequer aludidos.


 



Egas Moniz ao Panteão Nacional (7)








A Sophia de Mello Breyner Andresen (1819-2004), exemplo de uma conjugação pronunciada entre a criação literária e artística e o ativismo cívico e político, autora de obra apreciável, são concedidas honras de Panteão Nacional dez anos após a sua morte, e 7 anos depois de Aquilino. Em 2014, passa a ombrear com a elite dos heróis pátrios.

Do modo como as coisas se processaram nada faria os proponentes deterem-se e olhar para as figuras que ficaram para trás. Era o tempo de fazer justiça à poetisa incontornável; era o tempo dela. Não era, de todo, o tempo dele.