quarta-feira, junho 08, 2011
O Cérebro e os Encontros de Lindau
sábado, abril 30, 2011
Egas Moniz. Uma biografia.
terça-feira, abril 12, 2011
terça-feira, março 22, 2011
Mais um artigo acerca da lobotomia, na PsichCentral
domingo, março 13, 2011
Produção Bibliográfica acerca de Egas Moniz (1)
segunda-feira, janeiro 10, 2011
Quando as fontes mentem (3)
quarta-feira, janeiro 05, 2011
Quando as fontes mentem (2)
Egas Moniz, por Miguel*
sexta-feira, novembro 19, 2010
Quando as fontes mentem (1)
terça-feira, novembro 16, 2010
Como ganhar um Prémio Nobel: algumas sugestões
terça-feira, novembro 02, 2010
A 1ª República, os médicos, a saúde e o corpo
terça-feira, outubro 12, 2010
Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia de 2010
Robert G. Edwards |
segunda-feira, outubro 11, 2010
A Medicina na Azulejaria (*)
quarta-feira, agosto 11, 2010
Mataram o Sidónio (4)
Azevedo Neves e Egas Moniz
terça-feira, agosto 10, 2010
Mataram o Sidónio (3)
O diálogo Azevedo Neves – Egas Moniz estabelece-se à saída do cemitério do Alto de S. João, após o funeral da mulher de Asdrúbal d’Aguiar, vítima da pneumónica. Asdrúbal ocupava então o cargo de Director interino do Instituto de Medicina Legal, na ausência de Azevedo Neves. Tinha sido, também, discípulo de Egas Moniz. À mesma hora, realizavam-se, a caminho do Panteão Nacional, as cerimónias fúnebres de Sidónio Pais. Egas Moniz estranha que Azevedo Neves, membro do Governo de Sidónio, não esteja lá a prestar-lhe as suas últimas homenagens.
A conversa afigura-se interessante e profunda, em redor dos limites do conhecimento científico, do espiritismo e da metafísica, mas há três aspectos que poderiam equivocar o leitor historicamente incauto.
1º) Egas Moniz era, tal como Azevedo Neves (a quem parece admoestar pela ausência das exéquias fúnebres de Sidónio), membro do mesmo Governo, sobraçando a Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Era, portanto, no Governo de Sidónio, colega de Azevedo Neves. Qual o sentido da chamada de atenção de Egas Moniz a Azevedo Neves? Estaria Moniz a ser irónico? Aperceber-se-ia que ao contar ali dois membros do Governo de Sidónio, estava também a assinalar a solidão política a que votavam o antigo chefe? De qualquer modo este aparecimento de Egas Moniz desligado da política, mesmo na hipótese de um registo irónico, é inconsistente. Porquê?
2º) Porque a afinidade política de Egas Moniz com Azevedo Neves vinha muito de trás. Ambos tinham militado nas fileiras do Partido Progressista, - monárquicos, pois; ambos tinham sido iniciados na Maçonaria - maçons, pois; ambos tinham aderido ao Partido Nacional Republicano (vulgo: Partido Sidonista) – correligionários, pois. O aparente distanciamento de Egas Moniz das coisas da res publica é habitual no registo biográfico que o próprio Egas Moniz se esforçou por impôr, mas não corresponde à verdade dos factos, pelo menos até à queda do Governo de José Relvas, em que Azevedo Neves já não entrou, mas no qual Egas Moniz ainda continuou na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros.
3º) O narrador, a dado passo, tentando evitar a monótona repetição dos nomes dos personagens, trata Egas Moniz por “cirurgião”. O deslize não tem gravidade e explica-se provavelmente pela ideia difusa no silogismo comum: se Egas Moniz ganhou o prémio Nobel graças à leucotomia pré-frontal, que consistia numa neurocirurgia, logo Egas Moniz era cirurgião. Na verdade, Egas Moniz era neurologista (talvez até neuropsiquiatra) mas não era cirurgião.
Estas anotações não deslustram em nada a interessantíssima narrativa de Moita Flores. São apenas uma manifestação de desconforto de um leitor ex fabula.
Egas Moniz, Azevedo Neves e Moreira Júnior terão ainda alguns lances comuns nos anos seguintes. A eles voltaremos mais tarde.
Mataram o Sidónio (2)
No seu afã literário de dramatizar gentes e acontecimentos, Moita Flores inventa e recria diálogos, uns mais verosímeis do que outros, mas quase sempre dentro dos limites da razoabilidade histórica.
Asdrúbal d’Aguiar, que é o herói da novela, fala com praticamente todas as entidades ao alcance do acontecimento, incluindo uma sugestiva e fortuita troca de propósitos com Fernando Pessoa no Martinho da Arcada; Manuel Moreira Júnior desafia provocatoriamente magistrados, catedráticos e governadores civis, com um ostensivo e pesado sentido de humor; e Azevedo Neves, então Secretário de Estado do Comércio no Governo de Sidónio, fala com quase todos eles, justificando as suas escolhas políticas (continua monárquico, mas com uma dívida de gratidão a Sidónio), a sua estratégia institucional e os seus pensamentos mais profundos sobre a vida e a morte, a ciência e o direito, a religião e o Estado.
Um desses diálogos ocorre no capítulo “O funeral da Morte” (pp. 116-121, da 1ª edição *), e tem Egas Moniz por interlocutor
* FLORES, Francisco Moita, Mataram o Sidónio, Casa das Letras, Alfragide, 2010.
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Mataram o Sidónio (1)
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
O "Poder Biográfico" (1)
terça-feira, outubro 27, 2009
60 Anos do Prémio Nobel da Medicina (2)
domingo, outubro 25, 2009
60 Anos do Prémio Nobel da Medicina (1)
sexta-feira, julho 31, 2009
Défices e alheamentos (2)
A tese que sustenta uma causalidade linear entre a apresentação das chimpanzés de Fulton no Congresso de Londres, em 1935, e o arranque, em Lisboa, das primeiras leucotomias, é demasiado simplista. Não é pelo facto de se ter instalado nas histórias acerca da psicocirurgia que se torna mais consistente. É altamente improvável que um qualquer neurologista [1] que não tivesse reflectido longamente sobre o papel dos lobos frontais, se dispusesse, de um momento para o outro, a enveredar, sem mais, pela psicocirurgia. Há uma série de indícios que levam a atribuir à experiência de Fulton, quanto muito, uma oportunidade de confirmação.
Todavia, o próprio Fulton, depois de ter achado má ideia “saltar” dos macacos para os humanos, alimentou, também, a versão de que os seus trabalhos e os do seu colega Carlyle Jacobsen, tinham estado na génese da leucotomia de Moniz. Para reforçar essa história de que Moniz soltara o seu eureka em Londres, diante das chimpanzés, Olivercrona, no discurso oficial de apresentação dos vencedores do prémio Nobel 1949 [2], destacou os trabalhos anteriores de Fulton, reforçando a tese de que o encontro de Moniz com Fulton, em 1935, fora decisivo.
De qualquer modo, o estranho é que, havendo dois cientistas norte americanos a fazer investigação sobre as funções dos lobos frontais em grandes símios, Moniz, após tomar conhecimento da fase de pesquisa em que se encontravam, tenha decidido dar o “salto” para os humanos, sem assegurar a confirmação experimental, ainda nos símios, antes de efectuar a translação. O pouco que se conhecia e se tinha publicado à época, aconselharia a continuar, ainda, com as experiências em chimpanzés até serem adquiridos conhecimentos mais sólidos na matéria. A experimentação em humanos, apesar de usada e abusada na “era dos extremos” [3], tinha merecido a Moniz, na preparação da Encefalografia Arterial, uma translação mais faseada e cautelosa.
[1] Entre outros, Walter Freeman, participante no mesmo Congresso, e mais tarde um dos maiores entusiastas da psicocirurgia, poderia, igualmente, ter sido sensibilizado pela experiência das chimpanzés e tido também o seu “eureka”...
[2] Olivercrona, Herbert., (2006), "Avaliação da Candidatura de Egas Moniz em 1949" in Correia, Manuel., Egas Moniz e o Prémio Nobel, Coimbra, Imprensa da Universidade.
[3] Ver, entre outro o livro de Pappworth, (1967), Human Guinea Pigs, London, Penguin.